viernes, 26 de diciembre de 2008

A Luz das Noches

A fotografia de “Noches Desveladas”
Na locação, o ponto de partida é sempre o realismo. Observamos de onde entra a luz e de como ela se espalha no ambiente. Mas iluminar é menos observação que imaginação. Existe uma lei sagrada na fotografia que diz: Justificarás todas as fontes de luz. O contraditório é que essa lei sempre é apresentada ao lado da obra do mestre dos mestres dos diretores de fotografia: O Mister Rembrandt! Justificar é seu último interesse.
Se o cinema se considera uma arte visual tem muita coisa em comum com a pintura. Meu pintor de cabeceira para “Noches Desveladas” foi Jack Vettriano. Pintor escocês contemporâneo, com popularidade crescente. Ele lembra o Hopper, não pelo estilo, completamente diferente, mas pelo alto teor cinematográfico que possuem. Fui apresentado a ele pelo meu mestre e amigo diretor de fotografia: Antonio Luiz. E confesso que nos últimos dois anos, todos os dias em algum momento, estive diante de suas obras. Em “Noches Desveladas” realizamos muitos Vettrianos. E foi muito bom ver o resultado “parecer” pintura. E fiz não para prestar uma homenagem. Fiz por pura inveja!
Não de Vettriano! Mas de Firmino... O maquinista da roda gigante e protagonista do filme.
Depois que lê Dom Quixote, Firmino começa a inventar uma nova história para seu herói, sem o menor pudor com seu criador: Cervantes. Algo ocorreu com Firmino para que não temesse se apropriar do personagem. O mesmo ocorreu comigo. Também me senti livre com Vettriano. Com Firmino, suspeito que o fato do moinho da capa do livro ter lhe recordado sua roda-gigante, fez com que despertasse seu sentimento de posse. E quanto a mim? O que vi em Vettriano? Seriam seus contra-luzes misteriosos? Ou aquela luzinha difusa que chega a suas belas mulheres?
Conto, da minha maneira, em “Noches Desveladas”.
Haroldo Borges
Diretor de Fotografia

2 comentarios:

  1. Creio que não precisa nem ver o filme pronto para perceber o quanto ele pode se transformar naquela típica obra prima, cujos personagens compõem uma espécie de obra de arte em movimento, uma verdadeira tela viva! (Que privilégio, en?).

    Apreciar o acervo de imagens sublimes deste making of já é mais do que suficiente para se encantar com toda uma atmosfera fervorosamente cinematográfica, de personagens tão expressivos e contundentes que os diálogos são naturalmente "dispensáveis". Noches Desveladas será aquele filme para ser "degustado" com carinho especial, com tolerância, não como mais um enlatado da Indústria Cultural; até porque é um filme que nem deveria existir, se não fosse o talento de pessoas como Haroldo Borges, Paula Gomes, Ernesto Mollinero, Marcos Bautista...

    Muitas aulas de fotografia, por exemplo, podem ser aproveitadas no filme, tamanha a inspiração de Haroldo. Enfim, preparem-se porque bons frutos virão...


    Pedro do Couto

    ResponderEliminar
  2. Pessoal sei que vem por ai uma grande obra prima!!! parabéns para todos vocês to super orgulhoso pelo meu amigo Marcos em especial e por todos vcs!!

    Joao - www.cinemanaweb.com.br

    ResponderEliminar